A pandemia da Covid-19 acendeu ainda mais os holofotes sobre a importância do SUS. Mas, desde que "nasceu", em 1988, o Sistema Único de Saúde conta com a defesa incondicional de Graziela de Almeida Prado e Piccino Marafiotti. Ela, que se apaixonou por essa bandeira logo no primeiro ano da faculdade de Odontologia, decidiu dedicar a vida a trabalhar por melhorias na rede pública de saúde.
Tanto que hoje, aos 55 anos, ainda segue exercendo essa nobre missão. Ela é, há quatro anos, presidente do Conselho Municipal de Saúde, que tem como uma de suas principais metas apontar diretrizes em busca dos melhores caminhos do SUS em Bauru.
Casada e mãe de três filhos, Graziela também é diretora do Conselho Regional de Odontologia (CRO) de Bauru e professora de Saúde Pública da Medicina da Uninove.
Foi, ainda, servidora municipal por quase três décadas, quando cuidou da saúde bucal de crianças durante todo esse tempo, até se aposentar, em 2019, além de professora de Odontologia no Unisagrado (antiga USC) por 19 anos.
Bastante religiosa e muito grata a Deus, considera que é preciso compartilhar o "dom" de ajudar e servir a Ele. E é isso que ela faz a seguir, ao compartilhar um pouco de sua trajetória.
Jornal da Cidade - Você nasceu em Bauru?
Graziela Marafiotti - Nasci em Jaú, mas me considero bauruense de coração. Minha família veio para cá quando eu tinha 4 anos, porque meu pai, Antonio Carlos Piccino, já falecido, começou a lecionar na FOB/USP. Minha mãe, Maria das Graças de Almeida Prado Piccino, também foi professora e diretora na rede estadual. Hoje, ela está aposentada. A vida toda morei perto da FOB, na quadra 2 da rua Xavier de Mendonça, onde só moravam dentistas. Ali, cresci, escolhi minha profissão e fiz amizades que tenho até hoje.
JC - Foi por causa do seu pai que decidiu cursar Odontologia?
Graziela - Sim, eu e minha irmã, Cláudia Piccino Sgavioli, nos inspiramos nele. Eu nunca pensei em outra coisa. Estudei em Marília, na Unimar, porque queria viver a experiência de morar fora. Já no primeiro ano de faculdade, decidi me dedicar à saúde pública. Tinha uma professora muito envolvida com a causa e me apaixonei. Também herdei o gosto pela 'doação' do meu avô, João Lázaro de Almeida, que era uma pessoa muito boa. Atuou na Vila Vicentina por anos e me ensinou muito sobre voluntariado. Isso, somado à área de saúde, que veio do meu pai, me levou para a saúde pública.
JC - Como foi sua trajetória profissional?
Graziela - Após a graduação, em 1990, fiz residência no Centrinho, em Dentística Restauradora, e me especializei em Dentística. Na Unesp de Botucatu, fiz mestrado em Biotecnologia, área que eu achava bacana para servir também à saúde pública, e doutorado em Ciências da Saúde, Fisiopatologia e Clínica Médica. Além disso, pouco depois de me formar, passei em concurso da Prefeitura de Bauru, onde servi por 28 anos e passei grande parte do tempo atendendo na Escola Estadual Caic, no Nova Esperança. Eram cerca de 1.500 crianças. Me aposentei como dentista em 2019. Porém, ainda dou aula de Saúde Pública na Medicina da Uninove.
JC - E como chegou ao Conselho Municipal de Saúde?
Graziela - Há cerca de 10 anos, comecei a participar simplesmente porque gostava e aprendia bastante sobre saúde pública. Depois de um tempo, fui indicada pelo CRO para representá-los e compor o Conselho Municipal de Saúde. Foram feitas eleições e, nas duas últimas, venci para presidir o Conselho.
JC - O que você gostaria de dizer para pessoas sobre o Conselho?
Graziela - O que me encanta ali é que, diariamente, aprendemos coisas novas sobre o funcionamento do SUS, que precisa se renovar todos os dias. Fora a fiscalização da saúde pública, uma das ações do Conselho é contribuir com a saúde do município, levando propostas de melhorias para a prefeitura. Nossa maior atribuição é defender o SUS, que é para você, para mim, para todos. É uma ocupação voluntária, pois não sou remunerada. Tenho bastante trabalho, mas é muito prazeroso.
JC - Em resumo, uma vida dedicada ao SUS, então?
Graziela - Com certeza. Pergunte à minha família (risos).
JC - Acha que a pandemia mostrou ainda mais a importância do SUS?
Graziela - Sim. Inclusive, o Plano Nacional de Imunização (PNI) é um exemplo dessa importância e é um dos nossos maiores orgulhos hoje. Foi só chegar o imunizante e já estávamos praticamente prontos. Inclusive, a equipe técnica da saúde pública de Bauru tem história no SUS. Eles têm amor e respeito pelo sistema.
JC - Para finalizar, ao que mais você dedica suas horas diárias?
Graziela - Além das aulas, a cuidar do meu marido, o advogado Pedro Egidio Marafiotti. Somos casados há 26 anos. E para cuidar dos nossos três filhos, Pedro Egidio, João Pedro e Maria Rita. E de toda a minha família, pois somos muito unidos. Também sou devota à Nossa Senhora, catequista de jovens na Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, e faço parte da Pastoral do Batismo e do Conselho de Pastoral Paroquial de lá, junto com meu marido. Herdei isso da minha mãe, que também era catequista e ainda se dedica bastante ao Senhor. Olho para a minha vida e sei que sou uma pessoa muito agraciada por Deus.