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01/08/2021

Uma jovem de 125 anos

Ela é acolhedora, resiliente e cheia de planos, mas tem plena consciência dos muitos desafios que tem pela frente. De um lado, sustenta a juventude inquieta e a ânsia por crescimento de um universitário. De outro, mantém a experiência e a nobre vivência de um típico comerciante tradicional.

Leonina, ostenta bem as características de tal signo. É leal e carinhosa com os seus e gosta de curtir um rolê em sua vida noturna. Bastante vaidosa, escolheu a melhor roupa para conceder esta entrevista.

Assim como todas as suas outras vizinhas e colegas mais distantes, seu maior sonho atual é vencer a pandemia de Covid-19, que já deixou tristes marcas.

Inclusive, ela já conheceu vários outros dissabores ao longo da vida, mas, ao mesmo tempo, sabe muito bem a delícia que é desfrutar a vida. Falando em 'delícia', viu o seu nome ficar mundialmente conhecido por uma iguaria peculiar que foi batizada em sua homenagem.

A protagonista da Entrevista da Semana deste domingo (1) é pra lá de especial. Em um exercício imaginativo e lúdico, o JC bateu um papo com a aniversariante 'sem limites' do dia. Confira, a seguir, os melhores momentos dessa entrevista com Bauru, que completa 125 anos hoje:

Jornal da Cidade - Como a senhora está se sentindo, aos 125 anos?

Bauru - Bom, primeiro vamos parar com esse negócio de 'senhora'. Pode me chamar de 'você'. Afinal, sou mais jovem que várias vizinhas aqui da nossa região (risos).

JC - Certo, certo. E como você está se sentindo?

Bauru - Olha, não tem como não falar da pandemia, né? Foram mais de 1,1 mil vidas perdidas aqui e isso certamente nunca será esquecido. Nunca senti tanta dor assim em tão pouco tempo. Só de pensar nessas famílias, me dói a alma e, por isso, aproveito pra deixar meu mais profundo pesar e respeito a todos. Ainda choro ao lembrar dos que foram. E eu só tenho encontrado forças para tocar em frente pensando naqueles que ficaram e a quem eu tenho um compromisso de dar uma vida mais próspera e digna.

JC - E a senhora… opa, você acha que vamos vencer tudo isso?

Bauru - Sim, não tenho dúvidas. As cicatrizes, com certeza, vão ficar. Mas, vamos vencer. Já estamos com mais da metade da população vacinada ao menos com a primeira dose e já dá pra ver um horizonte melhor. Então, vamos sair disso tudo em breve. Algo que posso dizer nesses meus 125 anos que tenho é resiliência.

JC - Por que diz isso?

Bauru - Olha, já passamos muitas dificuldades e até umas coisas loucas por aqui. Sabe a Nações Unidas? Aquela avenida que você passa todo dia? Pois é. Até ela já explodiu na década de 1970. E o presidente do País, o Ernesto Geisel, estava aqui bem nesse dia…

JC - A avenida Nações Unidas é aquela que sempre alaga, né?

Bauru - Isso mesmo. Tem isso também. O pessoal chama até de 'Rio Nações', inclusive porque um rio passa por ali e foi canalizado. Essa é outra dor de cabeça grande que eu tenho e que o poder público precisa trabalhar de forma intensa para resolver. Sorte que não é época de chuvas agora…

JC - Sorte ou azar? Por que, quando não chove, falta água…

Bauru - É verdade. Inclusive, estamos em rodízio. É outro ponto que o poder público precisa arregaçar as mangas para buscar soluções e, principalmente, buscar dinheiro para essas soluções.

JC - E não é só água que falta por aqui, né? Muitos também reclamam da falta de emprego e de renda... bom, mas é seu aniversário e não vou ficar falando só de problemas. Diga lá: se a gente não estivesse em meio a essa pandemia, como você gostaria de estar comemorando?

Bauru - Ah… certamente eu iria no Zoológico e no Jardim Botânico logo cedinho. Inclusive, me orgulho muito desses dois espaços, que preservam nossa fauna e flora e são ótimos passeios para as famílias. Depois, passaria no Vitória Régia, o nosso cartão-postal. E, mais à noitinha, iria para um bar ou uma baladinha. Como disse, sou jovem e minha vida noturna é muito agitada. Depois do rolê, comeria um Sanduíche Bauru para fechar meu aniversário de maneira 'sem limites'.

JC - Você voltou nesse assunto sobre ser jovem...

Bauru - Mas é claro que sou. Comigo não tem esse negócio de 'cringe'. O meu espírito é bastante jovem. É só olhar o tanto de universitário que tem por aí. Sou muito universitária. O maior câmpus da Unesp fica aqui. Tem também a USP, além de várias outras instituições particulares. Eu sou muito jovem, bicho!

JC - Sinto te dizer, mas 'bicho' não é uma gíria tão jovem assim…

Bauru - Bom, confesso que também tenho minha parte mais tradicional. É só dar uma andadinha rápida lá pelo Centro que você vai ver uns comércios que me acompanham desde o início e minhas construções mais antigas e históricas. Então, sou uma jovem de 125 anos. O que importa é que eu ainda 'bato um bolão'.

JC - Falando em 'bater um bolão', o Edson Arantes virou Pelé aqui, né? Tem algum outro 'filho ilustre' que gostaria de destacar?

Bauru - Ah… não dá pra nomear todos. Todo mundo se lembra do 'Rei do Futebol', mas você sabe como é mãe, né? Não tem preferência por seus filhos, sendo eles famosos ou anônimos. Para mim, todos são igualmente especiais.

JC - E, pra gente finalizar, gostaria de deixar alguma mensagem neste seu aniversário?

Bauru - Só queria agradecer a todos que me fazem uma cidade melhor a cada dia. Sei que os desafios são muitos e espero que juntos possamos vencê-los. De tudo de bom que existe aqui, o que mais me orgulha é a solidariedade do nosso povo. Com esse espírito solidário, sei que vamos nos tornar um lugar cada vez melhor para se viver e, em breve, poderemos estar todos nos abraçando de novo. E é exatamente isso o que eu vou desejar hoje, ao soprar as 125 velinhas do meu bolo: que eu possa abraçar todos vocês do jeito que vocês me abraçam e que, mais do que crescer, que possamos todos prosperar juntos e viver com mais dignidade.



Fonte: JC Net
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