Bem-vindo -
A Prefeitura de Marília abriu uma licitação no valor estimado de R$ 239.151,61 para a construção de uma rede de galerias de águas pluviais na Rua Aneliano da Silva, no bairro Parque Serra Dourada — um condomínio fechado de alto padrão onde está localizada a chácara de ninguém menos que Abelardo Camarinha, pai do atual prefeito Vinícius Camarinha (PSDB).
A obra, embora apresentada como melhoria urbana, levanta suspeitas de favorecimento, já que o endereço do ex-prefeito Abelardo Camarinha consta no Lote 11, Quadra 04, Rua Shigueo Nakamoto, dentro do mesmo Condomínio Serra Dourada, local que já foi alvo da Polícia Federal na Operação Miragem, em 2016. À época, o imóvel foi palco de mandado de busca e apreensão por suspeita de fraudes.
Segundo o Edital da Concorrência Eletrônica nº 011/2025, a licitação será disputada no modelo eletrônico de menor preço global, com sessão pública marcada para 05 de junho de 2025, às 9h, no Portal de Compras do Governo Federal (www.gov.br/compras). O certame segue as regras da nova Lei de Licitações (Lei nº 14.133/2021).
A obra está oficialmente registrada como destinada à implantação de galerias de águas pluviais, mas o endereço beneficiado reacende o debate sobre o uso de recursos públicos para infraestrutura em áreas privadas ou de acesso restrito, como condomínios de luxo.
Além disso, o condomínio em questão não é um loteamento aberto, o que exige, por regra, convênios específicos com a administração pública para intervenções. Nenhuma menção a esse tipo de convênio consta no edital.
A residência de Abelardo Camarinha nesse mesmo condomínio foi alvo da Polícia Federal em 2016, quando foram cumpridos mandados na Operação Miragem, que investigava contratos de publicidade e prestação de serviços na prefeitura à época de sua gestão.
Fontes ouvidas pelo Marília Urgente indicam que vereadores da oposição já estudam acionar o Ministério Público e o Tribunal de Contas do Estado para investigar possível direcionamento de verba pública para benefício de familiares do prefeito.
A licitação permite a participação de MEIs, micro e pequenas empresas desde que cadastradas no SICAF, e estabelece a forma de disputa como aberta, com lances eletrônicos sucessivos.
Enquanto isso, a cidade enfrenta problemas sérios em bairros periféricos, com ruas esburacadas, falta de drenagem e alagamentos. Para críticos, a obra soa como um "presente caro" num local onde poucos — e muito influentes — vivem.
“Com o povo na lama e o poder no luxo, quem governa governa pra quem?” – pergunta um morador da zona norte, onde há áreas com infraestrutura precária há mais de 10 anos.
A reportagem seguirá acompanhando o caso e aguarda manifestação oficial da Prefeitura sobre os critérios técnicos e jurídicos que embasaram a escolha da rua contemplada.
