Você sabia que no mês de abril é comemorado o dia de um dos mais importantes patrimônios da fauna brasileira? O dia 27 deste mês é considerado o dia mundial da anta. A cidade de Bauru tem o privilégio de contar com esse fascinante animal no Zoológico.
Antes de tudo, é necessário esclarecer um grande mal-entendido. Ainda que tenha seu nome usado como sinônimo de “falta de inteligência”, a anta (Tapirus terrestris) é um bicho muito esperto. Estudos confirmam que o animal possui uma grande concentração de neurônios em seu cérebro, garantindo muita inteligência e uma memória potente. Por isso, ser chamado de “anta” está muito longe de ser um xingamento.
Essa anta que você pode ver nas fotos mora no zoo de Bauru. “A nossa anta nasceu em outubro de 2014 no zoológico de Mogi Mirim e veio aqui para Bauru em 2017”, contou Samantha Bittencourt, bióloga do zoológico. “Ela é alimentada com ração, tubérculos e frutas”.
A anta é um gigante dentre os animais brasileiros. Na verdade, é o maior mamífero terrestre do nosso país, podendo pesar até 300 kg e atingir 2,4m de comprimento. É um bicho considerado “tímido” e vive em pequenos grupos de até 3 indivíduos. Apesar de seu nariz lembrar uma pequena tromba (chamada de probóscide), a anta não possui grau de parentesco próximo com os elefantes, mas está na mesma ordem das zebras, cavalos e rinocerontes.
Podemos encontrar a anta desde a Colômbia até o norte da Argentina e Paraguai (estando presente em quase todo o território brasileiro), e possui uma grande importância para a manutenção dos biomas onde vive. Como se alimenta diariamente de muitas frutas, o animal acaba ingerindo as sementes e as devolvendo para o solo através de suas fezes. Isso, somado com as grandes distâncias que o bicho percorre, acaba por ser uma ferramenta muito importante para a dispersão de espécies vegetais, conferindo a ela o título de “jardineira da floresta''. Esse belo papel ecológico já seria motivo suficiente para conservar essa espécie, certo?
RISCO DE EXTINÇÃO
Infelizmente, não são todos que têm essa consciência, e anta corre sério risco de extinção. Cada gestação do animal pode durar mais de 13 meses e, via de regra, gera apenas um filhote, o que dificulta a proliferação da espécie. Mas é claro que o ser humano tem uma grande parcela de culpa nesse cenário. Além da caça, a anta é frequentemente vítima de atropelamento devido ao grande número de rodovias que cruzam seu habitat.
Iniciativas como as do Zoo de Bauru visam a conservação dessa espécie. Outra ação muito importante para a defesa desse animal é a Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira (INCAB), coordenada por Patrícia Médici. O INCAB possui o maior banco de dados sobre a espécie no mundo, e promove pesquisa de campo, práticas de conservação, educação ambiental, entre outros. Segundo a coordenadora, “ao estudar e defender a causa da conservação da anta brasileira, estamos defendendo também as nossas próprias vidas, nossos recursos naturais e nossa saúde”. A ação é reconhecida internacionalmente e deu a Patrícia o Whitley Gold Award, o "Oscar Verde”, considerado o maior prêmio da conservação ambiental no mundo.
O Zoo de Bauru continua fechado neste momento, devido à pandemia, e não é possível fazer uma visita para desejar um “feliz dia da anta” para nossas queridas cidadãs de quatro patas.
ANTA ALBINA
Um casal de antas, formado por um macho albino e uma fêmea de coloração normal, foi registrado no Legado das Águas, maior reserva privada de Mata Atlântica do país. O motivo para comemorar é devido ao indício de que o animal albino está tendo qualidade de vida e conseguindo se reproduzir. O registro é fruto da parceria do Legado das Águas com o Onçafari – projeto dedicado ao estudo e conservação da vida selvagem – para monitoramento de fauna.
Luciano Candisani Canjica é um dos machos albinos do Legado das Águas