No início da década de 1980, a popularização das academias de ginástica fez Anaí Piazentin Nabuco de Araújo optar pela graduação em Educação Física. Porém, ela acabou descobrindo que o gosto por exercícios era apenas um hobby e que sua vontade mesmo era 'exercitar' a arte da Comunicação. Deixou a universidade no Paraná e se formou em Jornalismo na Unesp de Bauru. A escolha não podia ter sido mais acertada. Traçou uma trajetória profissional robusta, passando por diversos órgãos e cargos na imprensa até se tornar a fundadora e proprietária da Lettera, uma das principais agências de comunicação estratégica de Bauru e região.
Nascida e criada na pequena cidade de Lucianópolis (SP), Anaí se mudou para Duartina aos 13 anos e lembra que cresceu 'cercada' de conhecimento e livros. Isso porque o pai, Mario Gitahy Nabuco de Araújo, e a mãe, Maria de Lourdes Piazentin Nabuco, eram professores. Ambos, contudo, já são falecidos. "Acho que meu interesse pelo Jornalismo, que é uma profissão recheada desses elementos, veio desse ambiente", observa.
Hoje, aos 58 anos, a jornalista divide suas horas diárias entre tocar a empresa, passar o tempo com o filho João Gabriel Nabuco de Araújo, de 20 anos, e ainda acaba de se tornar a representante em Bauru da Associação dos Profissionais de Propaganda (APP), que retomou as atividades na cidade. Além disso, nas horas vagas, Anaí, que é bastante comunicativa e divertida, adora um bom bate-papo com os amigos. Esse bom humor, inclusive, permeou toda a entrevista que você confere a seguir:
Jornal da Cidade - Você sempre quis ser jornalista?
Anaí Nabuco - Após a escola, fiz magistério a pedido da minha mãe e dei algumas aulas para crianças. Depois, fiz Educação Física na UEL, em Londrina. Mas, no segundo ano da faculdade, estava insatisfeita e queria mudar. Além disso, a maioria dos meus amigos de lá eram estudantes de Jornalismo, o que também me incentivou.
JC - E como foi essa mudança?
Anaí - Tinha muito medo de desapontar meus pais e de começar do zero. Só que, neste mesmo período, meu pai acabou falecendo. Então, quis voltar para meu "ninho", ficar perto da minha mãe, que morava em Duartina, e da minha família. Então, prestei Jornalismo em Bauru e me formei em 1989.
JC - Como foi o início da carreira?
Anaí - Tinha muita energia para ser repórter. Só que eu queria trabalhar no meio impresso, sentir o cheiro de tinta (risos). Mas, não imaginava para onde a profissão me levaria. Trabalhei em Araçatuba, em São José do Rio Preto, onde participei do processo de implantar um jornal do zero. Ainda fui responsável pelo Caderno Regional de Rio Preto da Folha de São Paulo. Em 1992, voltei para Bauru para atuar na campanha para prefeito de Tidei Lima. Quando ele venceu, me tornei assessora de imprensa da prefeitura. Também fiz assessoria para a Arco nas Exposições de Bauru e outros freelances. Além disso, fui produtora de televisão, mas nunca gostei de aparecer na câmera. Prefiro os bastidores. Em 1996, voltei para Araçatuba, na Folha da Região, onde fui repórter, editora, pauteira, editora-executiva e editora-chefe. Também participei da reestruturação de todo o jornal. Adquiri uma grande experiência e aprendi a gerir uma empresa. Se tem uma coisa que minha vida nunca foi é monótona (risos).
JC - E quando voltou para Bauru?
Anaí - Quando tive meu filho. Tentei conciliar o jornal e a maternidade, mas optei por dedicar meu tempo a ele. Além disso, quase toda a minha família estava em Bauru e Duartina. Já pensando em voltar, falei para minha sócia - na época - e grande amiga, Mara Ramos, sobre a ideia de abrirmos uma agência de comunicação global, e não apenas focada em releases. Agências assim só existiam na Capital. Expliquei o projeto para meu cunhado e minha irmã, que financiaram o desafio.
JC - Pelo jeito, deu certo (risos). Mas o que mudou de lá para cá?
Anaí - Pois é (risos). Após 16 anos, hoje somos uma agência 360 graus. O que o cliente precisar que envolva comunicação, nós podemos oferecer. Tanto que temos clientes muito antigos. O Senac, por exemplo, está conosco desde que começamos e a Cart desde que eles chegaram em Bauru.
JC - Acredita que ter atuado como repórter é seu diferencial como assessora?
Anaí - Com certeza. É mais fácil ser assessor quando você já foi repórter, porque, como esteve do outro lado, sabe quais informações o outro precisa. E ainda continuo aplicando o jornalismo diário no meu trabalho, sempre buscando o melhor ângulo da informação. Também cobro essa mesma visão dos meus colaboradores. Sou muito exigente, como a boa virginiana que sou (risos). Eles falam que tenho 'olhos de lince'. É ótimo conseguir enxergar no cliente a mensagem que ele tem para passar e, ao cumprir a estratégia de comunicação traçada, ver o resultado daquilo que está sendo comunicado.
JC - Para finalizar nosso bate-papo, fale um pouquinho sobre APP e esse novo desafio...
Anaí - A Regional Bauru da Associação dos Profissionais de Propaganda, a APP, foi reativada neste mês de julho e fui convidada para ser a representante dela diante da Executiva Nacional. A APP reúne agências, assessorias, profissionais e estudantes de publicidade, e visa compartilhar conhecimento através de palestras, conversas, cursos, entre outros. É mais um desafio que vou encarar. Inclusive, a Lettera é associada à APP, além da Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial) e da Leag Agencies.