Bem-vindo -
18/07/2021

Sem atrair as novas gerações, setor de consertos corre risco de encolher

O setor de conserto de roupas, sapatos e eletrodomésticos em Bauru viu a demanda crescer bastante ao longo da pandemia da Covid-19, já que, com a renda comprometida, muitos passaram a recuperar os seus pertences em vez de adquirir novos produtos. Contudo, por outro lado, esse segmento corre o risco de encolher dentro em breve. Sem atrair as novas gerações para dar sequência aos negócios, muitos deles podem fechar as portas de uma vez por todas assim que os seus proprietários se aposentarem, reduzindo a oferta desse tipo de serviço na cidade.

Esse é o caso da sapataria fundada por Anísio Alves da Silva Júnior, de 60 anos, na região central do município. O comerciante aprendeu o ofício ainda na infância, quando entrou para o chamado Reco-Reco - hoje, Consórcio Intermunicipal de Promoção Social (Cips). Em seguida, ele trabalhou em uma fábrica de sapatos, de onde só saiu em 2005, momento em que abriu o próprio negócio. "A minha esposa fica no atendimento e eu, no conserto, mas nós pretendemos nos aposentar em breve", adianta.

A sapataria garantiu o sustento da família de Silva, que tem cinco filhas. Só as duas mais velhas chegaram a ajudá-lo na empresa, mas optaram por trabalhar em outra área. "Elas quiseram estudar, assim como a maioria dos jovens. Por isso, eu acredito que a minha profissão pode até deixar de existir", comenta, entristecido.

Já a costureira Edna Rodrigues do Prado, de 50 anos, herdou o ofício da mãe e não vê o mesmo interesse por parte dos seus dois filhos, um jovem de 19 e outro de 32. "Eu ainda não penso em me aposentar, mas, assim que o fizer, o meu ateliê deverá fechar as portas, pois não há mais qualquer jovem da minha família interessado em mantê-lo aberto", lamenta.

'RECICLAMOS ROUPAS'

Para Prado, que tem um ateliê nos Altos da Cidade, a costura tem uma importante consequência ambiental e, por isso, deveria ser vista com bons olhos. "Nós reciclamos roupas e acessórios em vez de, simplesmente, descartá-los na natureza", argumenta.

Costureira há 27 anos, Juliana Conceição Martins Biral, de 50, tem cinco filhos e apenas uma trabalha com a mãe, mas só enquanto ela não consegue outro emprego. "As meninas se casaram cedo e não tiveram interesse em seguir a minha profissão", pontua a comerciante, que toca um ateliê no Geisel.

Proprietário de uma loja que conserta fogões e panelas na região central de Bauru, Paulo Sergio Talamone, de 53 anos, enfrenta o mesmo dilema. "Os meus filhos nunca trabalharam comigo", acrescenta.

Apesar de seu ofício não ficar para a próxima geração, o comerciante fala com orgulho dos rumos de seus dois filhos. é formado em Educação Física pela Unesp e técnico da categoria de base do Ituano. Já a menina estudou Biologia na mesma universidade e atua junto ao Sebrae de Araraquara.

 

A sua assinatura é fundamental para a informação de qualidade e credibilidade. Apoie o jornalismo do Jornal da Cidade.


Fonte: JC Net
Compartilhe!
Deixe seu comentário

Veja
Também

Marília Urgente - Sua Notícia em Marília e Região
© Copyright 2019 Marília Urgente - Sua Notícia em Marília e Região. Todos os direitos reservados CNPJ: 42.082.895/0001-09