No mês do Dia Internacional do Obeso, o Marília Urgente entrevistou a Dra. Carolina Marcondes, especialista em gastroenterologia e emagrecimento. A obesidade é uma doença crônica que afeta milhões de pessoas no Brasil e no mundo, trazendo sérios riscos à saúde. Na conversa, a médica esclarece dúvidas sobre os fatores que levam à obesidade, seus impactos na saúde e as estratégias mais eficazes para perder peso de forma sustentável.
Dra. Carolina Marcondes: A obesidade é caracterizada pelo excesso de gordura corporal que pode prejudicar a saúde. Ela é geralmente medida pelo Índice de Massa Corporal (IMC), sendo classificada como obesidade quando o IMC é igual ou superior a 30. No entanto, o IMC não é o único parâmetro, pois a distribuição da gordura corporal também influencia os riscos à saúde.
Os principais fatores para o desenvolvimento da obesidade incluem predisposição genética, alimentação desbalanceada, sedentarismo, distúrbios hormonais e aspectos psicológicos, como ansiedade e compulsão alimentar. Além disso, a urbanização e o estilo de vida moderno, com alimentação ultraprocessada e redução da atividade física, aumentam o risco de ganho de peso excessivo.
Dra. Carolina Marcondes: A obesidade não é apenas uma questão estética, mas sim uma condição que impacta diretamente a saúde e a expectativa de vida. A curto prazo, pode levar a problemas como fadiga, dores articulares, refluxo gastroesofágico e dificuldades respiratórias. Já a longo prazo, o excesso de peso está associado a doenças crônicas graves, como diabetes tipo 2, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, apneia do sono e até mesmo alguns tipos de câncer, como de mama e de cólon. Além disso, há um impacto significativo na saúde mental, aumentando o risco de depressão e ansiedade.
Dra. Carolina Marcondes: O efeito sanfona acontece quando uma pessoa perde peso rapidamente e depois volta a ganhá-lo, muitas vezes superando o peso inicial. Isso ocorre porque dietas extremamente restritivas desaceleram o metabolismo e não promovem uma reeducação alimentar sustentável. O organismo percebe essa perda rápida como uma ameaça e responde reduzindo o gasto energético e aumentando a fome. Para evitar o efeito sanfona, é essencial adotar um plano alimentar equilibrado, priorizar a ingestão de nutrientes e manter uma rotina de atividade física regular.
Dra. Carolina Marcondes: O tratamento da obesidade depende do grau da condição e das comorbidades associadas. As principais abordagens incluem mudanças no estilo de vida, como reeducação alimentar e prática de exercícios físicos. Para alguns casos, medicamentos podem ser indicados para auxiliar na redução de apetite e controle do metabolismo. Já para pacientes com obesidade severa e doenças associadas, a cirurgia bariátrica pode ser uma opção viável, mas sempre deve ser indicada com acompanhamento de uma equipe multidisciplinar.
Dra. Carolina Marcondes: Os hormônios desempenham um papel fundamental na regulação do metabolismo e do apetite. A leptina, por exemplo, é um hormônio que sinaliza ao cérebro quando estamos saciados, enquanto a grelina estimula a fome. O desequilíbrio desses hormônios pode levar a dificuldades para perder peso. Além disso, a insulina, que regula os níveis de açúcar no sangue, quando em excesso, pode favorecer o acúmulo de gordura. Portanto, avaliar a parte hormonal é essencial para quem enfrenta dificuldades no emagrecimento.
Dra. Carolina Marcondes: Ambos são essenciais, mas a alimentação tem um impacto maior na perda de peso. Estudos indicam que cerca de 70% do emagrecimento vem da dieta, enquanto os exercícios representam 30%. Isso ocorre porque é mais fácil controlar a ingestão calórica do que compensar o excesso com atividades físicas. No entanto, o exercício é fundamental para manter o peso perdido, preservar a massa muscular e melhorar a saúde cardiovascular.
Dra. Carolina Marcondes: A semaglutida é um medicamento originalmente usado no tratamento do diabetes tipo 2, mas que demonstrou grande eficácia no controle do apetite e na perda de peso. Ele age simulando a ação do hormônio GLP-1, que promove saciedade e reduz a fome. No entanto, não é indicado para qualquer pessoa e deve ser prescrito por um médico, pois pode causar efeitos colaterais, como náusea e desconforto digestivo. Seu uso é recomendado para pacientes com obesidade ou sobrepeso com comorbidades, e sempre deve ser acompanhado por mudanças no estilo de vida.
Qual conselho você daria para quem já tentou de tudo para emagrecer e não consegue?Dra. Carolina Marcondes: O mais importante é entender que cada organismo responde de forma diferente e que emagrecer é um processo gradual. Muitas vezes, as pessoas focam apenas na balança, mas o principal é melhorar a saúde e o bem-estar. Meu conselho é buscar um acompanhamento profissional, com endocrinologistas, nutricionistas e psicólogos, para identificar as causas do ganho de peso e encontrar um plano eficaz e sustentável. Não existe uma solução única, mas com persistência e o suporte correto, é possível alcançar um peso saudável e manter a qualidade de vida.
Entrevista exclusiva do Marília Urgente.